terça-feira, 24 de junho de 2008

Miksang - a fotografia contemplativa

fotos: Wellington Cordeiro














“A sensação quando se pratica o miksang tem um gosto próprio. Existe uma percepção ampliada de estar presente. É enxergar o mundo exatamente como ele é: luminoso e espaçoso, macio e duro, genial ou medíocre, etc. Dessa maneira, o sentimento está muito vivo. Miksang é ver a mágica do mundo como ele é ". York Stillman, de 57 anos, professor americano de estudos budistas.


Miksang - a fotografia contemplativa

Por indicação de um amigo artista plástico, Fernando Luiz Soares que é ligado às questões esotéricas, fui pesquisar sobre a fotografia Miksang, que é uma modalidade fotográfica que compartilha preceitos zen, por trás de cada click existe um forte apelo transcendental que se propõe a transformar o ato de fotografar num momento sublime, espiritual que sirva para elevar o espírito do artista, se afastando das interferências danosas que o mundo atual coloca em nosso convívio. Fiquei muito impressionado com essa modalidade artística, pois creio que toda forma de se fazer arte, tem a ver com o plano espiritual, mas a Miksang se propõe a ser uma filosofia voltada para o fazer artístico, contribuindo para a produção artística e para o bem-estar do autor, conseqüentemente satisfatório também para as pessoas que embarcarem na viagem contemplativa oferecida pela imagem.

O significado da palavra Miksang em tibetano é "bom olho". Na fotografia contemplativa (como também é chamada) são critérios diferentes dos convencionais que levam o autor a disparar o clique. A proposta da fotografia miksang (baseada na meditação e concentração) é nos deixar mais atentos para o que nos desperta interesse. Ou seja, o clique só ocorre quando o coração é tocado.
A técnica pode parecer estranha, mas no Japão é comum combinar a meditação com ações do dia a dia. Ela permite notar os milagres que acontecem em instantes e que normalmente passariam despercebidos. Uma boa opção para exercitar o miksang é uma viagem. Em um ambiente diferente, o olhar não está viciado, serão muito detalhes para contemplar e obter um álbum de fotografias no mínimo diferente.

Chögyam Trungpa
O criador da fotografia miksang destacou-se bem cedo. Com apenas 18 anos, em 1958, assumiu o posto de abade-superior do mosteiro de Surmang, um dos mais esotéricos do Tibete. Para seus seguidores, Trungpa tinha poderes xamânicos e era um reconhecido terton - mestre que, segundo a tradição budista daquele país, é capaz de descobrir, em estado alterado de consciência, textos espirituais ocultos na natureza - em nuvens, pedras ou rios -, escritos pelos grandes líderes espirituais tibetanos do passado.

Trungpa levou as artes contemplativas para os Estados Unidos para auxiliar a meditação sentada e inspirou a criação da fotografia miksang. Ele era um exímio calígrafo e artista plástico, além de ser um dos mais respeitados professores de budismo do mundo. Morreu com apenas 47 anos, em 1986. Hoje, a comunidade Shambhala, liderada por seu filho, Sakyong Mipham Rimpoche, tem cerca de 100 mil membros em todo o mundo, inclusive no Brasil (www.shambhala.org e http://www.shambhala-brasil.org/).

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